Baixa adesão a exames, estilo de vida e desinformação elevam risco de câncer em Uberlândia, alerta oncologista do HC-UFU

Menos de 30% das mulheres realizam o exames de mamografia pelo SUS, comentou especialista IA GOOGLE As mortes por câncer em Uberlândia tiveram um aumento de 2...

Baixa adesão a exames, estilo de vida e desinformação elevam risco de câncer em Uberlândia, alerta oncologista do HC-UFU
Baixa adesão a exames, estilo de vida e desinformação elevam risco de câncer em Uberlândia, alerta oncologista do HC-UFU (Foto: Reprodução)

Menos de 30% das mulheres realizam o exames de mamografia pelo SUS, comentou especialista IA GOOGLE As mortes por câncer em Uberlândia tiveram um aumento de 23% na última década, segundo dados do Ministério da Saúde analisados pelo Observatório de Oncologia. Para a médica e chefe da Unidade de Oncologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh), Roseane Máximo, o cenário é alarmante e diz muito sobre o comportamento da população que, segundo ela, exige mudanças urgentes. A especialista comentou ao g1 que o envelhecimento populacional é um fator determinante, mas não o único. A baixa adesão a exames, os hábitos pouco saudáveis e até a desinformação compartilhada nas redes sociais, sem embasamento científico, também estão entre os fatores que elevam o risco da doença, que vem acometendo também a população mais jovem. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Triângulo no WhatsApp Além disso, a pandemia da Covid-19 agravou o quadro de diagnósticos tardios. Segundo Roseane, nos últimos cinco anos, muitos pacientes chegaram ao atendimento com a doença já avançada porque deixaram de realizar exames preventivos. Essa interrupção impactou diretamente na taxa de sobrevida, especialmente em casos de tumores de intestino. Em Uberlândia, mulheres morrem de câncer mais que homens Em 2023, 455 mulheres morreram por câncer em Uberlândia, contra 398 homens. A diferença está ligada à prevalência de tipos mais agressivos, como o câncer de mama. Apesar das campanhas do Outubro Rosa, a cobertura de mamografias ainda é baixa. "Menos de 30% das mulheres realizam o exame pelo SUS. A gente ainda tem que avançar muito para aqui pelo menos 80% das mulheres realizem a mamografia de rotina", disse. Outra questão apontada pela chefe da Unidade de Oncologia é a mudança no perfil das pacientes. Roseane explica que mulheres mais jovens têm recebido diagnóstico de câncer de mama em estágios mais precoces, mas isso não significa necessariamente um cenário positivo. "As pacientes mais jovens hoje elas têm apresentado um diagnóstico mais precoce por conta da própria mudança do estilo de vida das mulheres. As mulheres têm hoje uma vida muito sedentária, não só as mulheres, mas sedentarismo, uma obesidade, consumo de álcool, de tabaco, então o conjunto desses fatores também predispõe a um diagnóstico mais precoce", comentou a especialista. Câncer de pulmão, o mais letal em Uberlândia Entre os tipos mais fatais, os tumores de traqueia, brônquio e pulmão lideram, com mais de 100 mortes (13,13% do total), conforme os dados do Observatório de Oncologia. “É um câncer muito silencioso no início. Quando aparecem sintomas, geralmente já está avançado, com alta chance de metástase. Em 85% a 90% dos casos, o diagnóstico ocorre em estágio clínico 3 ou 4, quase sempre com tratamento paliativo”, detalha a especialista. De acordo com Roseane, o câncer de pulmão está geralmente associado ao tabagismo, e isso faz com que os pacientes apresentem diversas comorbidades, como hipertensão e diabetes, além das complicações crônicas do uso prolongado do cigarro. Esses fatores aumentam a mortalidade, mesmo quando o tratamento completo é realizado. A especialista ressalta que, em muitos casos, o paciente passa por cirurgia, quimioterapia e radioterapia, mas a toxicidade do tratamento é elevada, podendo causar sequelas graves ou levar à morte. 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Alimentação equilibrada: evitar ultraprocessados, enlatados e alimentos embutidos. Controle do peso: obesidade está ligada a vários tipos de câncer, inclusive à recidiva em mulheres que já tiveram câncer de mama. A médica também chama atenção para a importância do acesso à informação segura. “As redes sociais ajudam, mas também propagam conteúdos sem evidência científica. Precisamos munir a população com dados confiáveis e reforçar que, em qualquer sinal de anormalidade, deve procurar pelo médico da atenção básica, que é a nossa porta de entrada no SUS”, concluiu Roseane. Roseane Máximo, médica e chefe da Unidade de Oncologia do HC-UFU em Uberlândia HC-UFU/Ebserh/Divulgação VEJA TAMBÉM: Cresce número de casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos Cresce número de casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas